Com acento agudo, sim. É que em Portugal, terra deste Santo de que sou devota e minha também, se pronuncia - e se acentua - como aberto o primeiro "o" do nome "Antonio".
Hoje é dia de Santo António. António de Pádua (onde ele viveu seus últimos dias). António de Lisboa, para os bairristas portugueses. António dos achados e perdidos. António casamenteiro.
Uma senhora, certa vez, devota de São José, explicou-me que não se deve pedir marido a Santo António. Como ele também é considerado um Santo de causas urgentes, segundo ela, ele arruma "o primeiro que aparece", e que nem sempre o primeiro que aparece vai ser o melhor...
Já São José, até por ter sido esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, é o melhor Santo para se pedir um bom marido. O meu primeiro casamento pedi e consagrei a Santo António. Aliás, casei-me na Igreja de Santo Antônio (com acento circunflexo, pois foi aqui no Brasil).
Este foi o primeiro de muitos anos em que não fui à Festa de Santo Antônio na Paróquia onde me casei. Espero que ele não fique zangado comigo.
Enfim: não deu. Por via das dúvidas, e para não deixar meu Santo António com ciúmes, vou continuar a pedir para ele um bom companheiro (não necessariamente marido), mas vou contar com a luxuosa parceria de São José para me ajudar desta vez...
C'
domingo, 13 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Último favor
A inspiração me abandonou nos últimos tempos...
Mas hoje acordei com este poema na cabeça.
Lá vai:
Último favor
Já que chegamos ao fim,
Por favor, me esqueça.
Se, um dia, você passar por mim,
Não me reconheça.
Não pense que choro de dor,
Tenho pena do meu coração.
Não lamento o fim deste amor,
Só a companhia da solidão.
Enquanto fiquei com você,
Ilusões eu criei.
E, o pior, você sabe por que,
Nelas acreditei.
Por isso, venho agora pedir
Um favor para nós dois:
Não me venha pedir para sorrir
Se não quiser me ver chorar, depois.
Célia Castro (C’)
Mas hoje acordei com este poema na cabeça.
Lá vai:
Último favor
Já que chegamos ao fim,
Por favor, me esqueça.
Se, um dia, você passar por mim,
Não me reconheça.
Não pense que choro de dor,
Tenho pena do meu coração.
Não lamento o fim deste amor,
Só a companhia da solidão.
Enquanto fiquei com você,
Ilusões eu criei.
E, o pior, você sabe por que,
Nelas acreditei.
Por isso, venho agora pedir
Um favor para nós dois:
Não me venha pedir para sorrir
Se não quiser me ver chorar, depois.
Célia Castro (C’)
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Contradições
Quando você diz "fique bem",
Quer dizer "não me venha com seus problemas".
Quando você diz "sou transparente",
Esconde de mim seus dilemas.
Quando você diz "eu, no seu lugar, faria assim",
Na verdade quer dizer "faça o que eu digo, não o que eu faço".
Quando você diz "estarei sempre ao seu lado",
Eu me vejo sozinha, errando o passo.
Quando você diz "conte sempre comigo"
É que eu descubro, logo, com quem não contar.
Quando você diz "pode ficar tranquila",
Posso começar a me preocupar.
Quando você diz "do fundo da minh'alma",
A palavra não passa da superfície da sua boca.
Quando você diz "gosto da sua sensatez"
É que eu me sinto verdadeiramente louca.
Você é, na verdade, uma contradição.
Você é uma antítese, uma confusão.
Mas quem não é diferente a cada momento?
Quem não muda no gesto ou no pensamento?
Eu só queria contar, ao menos uma vez,
Com a constância da sua amizade.
Pois não posso esquecer o que você me fez
Para acreditar que era tudo verdade.
Célia Castro (C')
Quer dizer "não me venha com seus problemas".
Quando você diz "sou transparente",
Esconde de mim seus dilemas.
Quando você diz "eu, no seu lugar, faria assim",
Na verdade quer dizer "faça o que eu digo, não o que eu faço".
Quando você diz "estarei sempre ao seu lado",
Eu me vejo sozinha, errando o passo.
Quando você diz "conte sempre comigo"
É que eu descubro, logo, com quem não contar.
Quando você diz "pode ficar tranquila",
Posso começar a me preocupar.
Quando você diz "do fundo da minh'alma",
A palavra não passa da superfície da sua boca.
Quando você diz "gosto da sua sensatez"
É que eu me sinto verdadeiramente louca.
Você é, na verdade, uma contradição.
Você é uma antítese, uma confusão.
Mas quem não é diferente a cada momento?
Quem não muda no gesto ou no pensamento?
Eu só queria contar, ao menos uma vez,
Com a constância da sua amizade.
Pois não posso esquecer o que você me fez
Para acreditar que era tudo verdade.
Célia Castro (C')
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Cinquenta anos - sem trema, sem tremor, sem temor
Hoje, a minha cidade comemora cinquenta anos. Digo "minha cidade" pois, mesmo sem ter nascido aqui e nem ter escolhido para cá vir e morar, adotei Brasília como minha, mesmo com todo o seu "Tédio com um 'T' bem grande para você", mesmo com a estreita relação com a política - e a visão pejorativa que esse envolvimento, muitas vezes, acarreta.
Gosto desta cidade não tanto pela arquitetura, pelo céu, que é "a nossa praia", ou pelos amplos espaços e áreas verdes. Gosto desta cidade porque, aqui, venho construindo a minha história. Aqui, filha única de pais maduros, "escolhi" os meus irmãos de alma. Esses, talvez, tenham mais valor do que os irmãos de sangue, porque nos escolhem e são escolhidos por nós.
Aqui estudei e estudo, trabalho, tenho alegrias e desilusões. Tive, tenho e terei meus amores e meus desafetos - quem não os tem?
Brasília chega aos cinquenta sem que eu deva mais escrever essa palavra com o trema. Tenho de confessar: eu adorava o trema! Fascinava-me esse "apêndice", esse rococó barroco, como um arremate, um laço de fita, um broche a destacar a beleza da palavra, a reforçar a necessidade de se procunciar o "u" diante do "e" e do "i". Sou assim, meio minimalista, meio barroca. Vá-se entender...
No ano que vem, também entro nos "enta". Estou até a planejar, com certa antecendência, a celebração desse importante evento para a história da humanidade (ha, ha, ha). Já tenho, inclusive, nome para a festa: "Aguenta (oh, céus, sem trema!), que eu estou entrando nos 'enta'!" .
Dizem os antigos que, entrando nos "enta", não se sai mais de lá. Os mais modernos, otimistas e crentes nos avanços da medicina já falam da possibilidade de se romper a barreira dos "cem". Imagino um mundo povoado de centenários... acho que só vale a pena, entretanto, se a minha cabeça puder estar "inteira", se as lembranças dos meus cem ou mais anos de existência puderem acompanhar este corpitcho. Sem lembranças, boas ou ruins, distantes ou recentes, não vejo grande vantagem em sair dos "enta"...
Além da falta do trema, é bom que se lembre a ausência de tremores nesta terra abençoada - pelo menos, dos abalos sismológicos estamos livres. Dos abalos de outra natureza, entretanto...
Também espero que estejamos, nós e a cidade, livres de temores. Eu, só bem recentemente, comecei a enfrentar os meus. Foi preciso um abalo sísmico considerável na minha vidinha para eu criar essa oportunidade - e essa coragem. Às vezes, dói. Muitas vezes, desanima. Mas, quase sempre, torna mais forte a "carapaça" - até para proteger a suavidade do coração.
De qualquer forma, vai aqui a minha singela e nostálgica homenagem aos cinquenta anos de Brasília. Que mais e mais cinquenta anos venham, sobretudo se forem acompanhados de boas e não tão boas lembranças: que o nosso povo se lembre do que é bom, mas se lembre, também, de quem não cuidou bem da cidade e do país. Que a nossa população seja cada vez mais educada e possa ser um exemplo para as gerações vindouras, as que, afinal, estarão aqui para os próximos cinquentenários - sem trema, sem tremor, sem temor.
Célia Castro (C')
Gosto desta cidade não tanto pela arquitetura, pelo céu, que é "a nossa praia", ou pelos amplos espaços e áreas verdes. Gosto desta cidade porque, aqui, venho construindo a minha história. Aqui, filha única de pais maduros, "escolhi" os meus irmãos de alma. Esses, talvez, tenham mais valor do que os irmãos de sangue, porque nos escolhem e são escolhidos por nós.
Aqui estudei e estudo, trabalho, tenho alegrias e desilusões. Tive, tenho e terei meus amores e meus desafetos - quem não os tem?
Brasília chega aos cinquenta sem que eu deva mais escrever essa palavra com o trema. Tenho de confessar: eu adorava o trema! Fascinava-me esse "apêndice", esse rococó barroco, como um arremate, um laço de fita, um broche a destacar a beleza da palavra, a reforçar a necessidade de se procunciar o "u" diante do "e" e do "i". Sou assim, meio minimalista, meio barroca. Vá-se entender...
No ano que vem, também entro nos "enta". Estou até a planejar, com certa antecendência, a celebração desse importante evento para a história da humanidade (ha, ha, ha). Já tenho, inclusive, nome para a festa: "Aguenta (oh, céus, sem trema!), que eu estou entrando nos 'enta'!" .
Dizem os antigos que, entrando nos "enta", não se sai mais de lá. Os mais modernos, otimistas e crentes nos avanços da medicina já falam da possibilidade de se romper a barreira dos "cem". Imagino um mundo povoado de centenários... acho que só vale a pena, entretanto, se a minha cabeça puder estar "inteira", se as lembranças dos meus cem ou mais anos de existência puderem acompanhar este corpitcho. Sem lembranças, boas ou ruins, distantes ou recentes, não vejo grande vantagem em sair dos "enta"...
Além da falta do trema, é bom que se lembre a ausência de tremores nesta terra abençoada - pelo menos, dos abalos sismológicos estamos livres. Dos abalos de outra natureza, entretanto...
Também espero que estejamos, nós e a cidade, livres de temores. Eu, só bem recentemente, comecei a enfrentar os meus. Foi preciso um abalo sísmico considerável na minha vidinha para eu criar essa oportunidade - e essa coragem. Às vezes, dói. Muitas vezes, desanima. Mas, quase sempre, torna mais forte a "carapaça" - até para proteger a suavidade do coração.
De qualquer forma, vai aqui a minha singela e nostálgica homenagem aos cinquenta anos de Brasília. Que mais e mais cinquenta anos venham, sobretudo se forem acompanhados de boas e não tão boas lembranças: que o nosso povo se lembre do que é bom, mas se lembre, também, de quem não cuidou bem da cidade e do país. Que a nossa população seja cada vez mais educada e possa ser um exemplo para as gerações vindouras, as que, afinal, estarão aqui para os próximos cinquentenários - sem trema, sem tremor, sem temor.
Célia Castro (C')
terça-feira, 20 de abril de 2010
Brincando com as palavras
O título não deveria ser esse. Respeito muito as palavras, sobretudo as da língua portuguesa, para brincar com elas.
Na verdade, elas é que brincam comigo. Explico: estou há quase duas semanas com um "bloqueio de insipiração". Não "pari" nenhum poema nos últimos dias! Começo a ficar preocupada. Quando criança, escrevia com facilidade coisas poéticas e líricas. Inclusive, fazia histórias em quadrinhos, com direito a desenhos meio surrealistas - era um verdadeiro "storyboard".
Depois, com o desestímulo dos adultos, deixei de lado esse meu lado - ôpa, olha as palavras brincando comigo de novo!
Esperem um pouco que eu vou tentar:
A magia das palavras
Eu queria ter o dom
E a mais nobre habilidade
De fazer de cada som
Um soneto de saudade.
Eu acho que o meu problema,
Na verdade, é um desafio:
É que eu quero o meu poema
Com rimas "de fio a pavio".
Então, fica mais difícil
Escolher palavras certas.
Ainda mais se, no início,
Estiverem encobertas.
Encobertas pela bruma
Da inspiração ausente,
Que impede que se consuma
O que a nossa alma sente.
E, o pior, é que me parece
Que quando estou muito triste
O poema logo acontece
E a inspiração já existe.
Quando estou feliz, entretanto,
As palavras me esquecem.
Busco-as em cada canto
E elas não me aparecem.
E é aí que elas vêm, altaneiras,
Para me dizer:
"Somos tuas companheiras
Quando estás a sofrer.
Mas quando te encontra a folia
Pareces de nós esquecer.
Lembra-te, amiga ingrata,
De nós também na euforia.
Se servimos para consolar
As tristezas do teu dia a dia
Que também te lembres de nós
Para celebrar tua alegria".
Espero, com esta tentativa, ter feito uma reconciliação com as minhas amigas palavras.
Célia Castro (C')
Na verdade, elas é que brincam comigo. Explico: estou há quase duas semanas com um "bloqueio de insipiração". Não "pari" nenhum poema nos últimos dias! Começo a ficar preocupada. Quando criança, escrevia com facilidade coisas poéticas e líricas. Inclusive, fazia histórias em quadrinhos, com direito a desenhos meio surrealistas - era um verdadeiro "storyboard".
Depois, com o desestímulo dos adultos, deixei de lado esse meu lado - ôpa, olha as palavras brincando comigo de novo!
Esperem um pouco que eu vou tentar:
A magia das palavras
Eu queria ter o dom
E a mais nobre habilidade
De fazer de cada som
Um soneto de saudade.
Eu acho que o meu problema,
Na verdade, é um desafio:
É que eu quero o meu poema
Com rimas "de fio a pavio".
Então, fica mais difícil
Escolher palavras certas.
Ainda mais se, no início,
Estiverem encobertas.
Encobertas pela bruma
Da inspiração ausente,
Que impede que se consuma
O que a nossa alma sente.
E, o pior, é que me parece
Que quando estou muito triste
O poema logo acontece
E a inspiração já existe.
Quando estou feliz, entretanto,
As palavras me esquecem.
Busco-as em cada canto
E elas não me aparecem.
E é aí que elas vêm, altaneiras,
Para me dizer:
"Somos tuas companheiras
Quando estás a sofrer.
Mas quando te encontra a folia
Pareces de nós esquecer.
Lembra-te, amiga ingrata,
De nós também na euforia.
Se servimos para consolar
As tristezas do teu dia a dia
Que também te lembres de nós
Para celebrar tua alegria".
Espero, com esta tentativa, ter feito uma reconciliação com as minhas amigas palavras.
Célia Castro (C')
domingo, 11 de abril de 2010
O lirismo jogado no lixo
Os meus leitores e amantes da poesia que me perdoem, mas não há lirismo que resista! Hoje, vai ser difícil "postar" algo poético, depois da cena - prosaica, infelizmente - que vi.
Vinha de carro para casa quando, no carro que ia à minha frente, um braço delicado, de uma moça aparentemente delicada, se espicha pela janela com uma latinha, acho que uma embalagem de batatas fritas e, natural, suave e delicadamente, atira a latinha ao chão. Assim, em pleno Plano Piloto, em uma área supostamente habitada e frequentada por pessoas "educadas"... para além do emporcalhamento (nem sei se existe esse termo; se não há, lá vai o neologismo) da cidade, o risco de essa porcaria vir ter ao parabrisas do meu carro e até provocar um acidente.
Que porcaria, literalmente! Tanto se fala em aquecimento global, destino do lixo, atitudes sustentáveis, socioambientalpoliticamente corretas e o que se vê, na prática, no dia a dia, é esse "tapa na cara" do convívio em sociedade.
De que adianta perseguir as sacolas plásticas de supermercados? Mais valia "perseguir" e educar esse tipo de pessoas! Que exemplo dão os pais aos seus filhos? Que filhos estamos a deixar para o nosso já combalido planeta? Que hipocrisia é essa que, no discurso, fala de uma geração vindoura mais responsável, mais sustentável, mais "verde".
Verde? Verde está a minha bile, de tanto eu tentar "processar" esse lixo intangível que é a má educação de algumas pessoas. Podem ser cultas, podem ser bem sucedidas, podem ter uma boa situação financeira, até. Mas são, antes de qualquer coisa, mal educadas, "porcas", no sentido conotativo da palavra - é uma ofensa aos simpáticos animaizinhos comparar os porcos com esse tipo de gente.
Desculpem o desabafo. Sei que há pessoas corretas e que nem todos são "imprestáveis emporcalhadores do ambiente". Sei, também, que errar é humano e que essa mesma moça, "protagonista" da pequena crônica de hoje, pode se arrepender e se redimir dessa falta. Mas, para mim, que sempre fui educada a jogar lixo no lixo, a guardar o lixo do carro em saquinhos para poder despejá-lo assim que aparecesse a lixeira, que procuro ocupar o meu espaço no mundo sem atrapalhar o espaço dos outros - inclusive das gerações futuras -, fico especialmente irritada com eventos como esse.
Em tempo: ao chegar ao meu prédio, vejo que a entrada de um dos elevadores da garagem está suja de lama e que há confetes espalhados no chão - e nem é Carnaval... é, não bastam os "porcos da rua"; também temos a feliz companhia dos "porcos de casa".
Para dizer que não falei de poesia, vai uma estrofezinha para os porcos de plantão:
Você, que não sabe
Onde jogar sua sujeira,
Por que não aprende
O caminho da lixeira?
Uma boa - e mais limpa - semana a todos nós.
Célia Castro (C')
Vinha de carro para casa quando, no carro que ia à minha frente, um braço delicado, de uma moça aparentemente delicada, se espicha pela janela com uma latinha, acho que uma embalagem de batatas fritas e, natural, suave e delicadamente, atira a latinha ao chão. Assim, em pleno Plano Piloto, em uma área supostamente habitada e frequentada por pessoas "educadas"... para além do emporcalhamento (nem sei se existe esse termo; se não há, lá vai o neologismo) da cidade, o risco de essa porcaria vir ter ao parabrisas do meu carro e até provocar um acidente.
Que porcaria, literalmente! Tanto se fala em aquecimento global, destino do lixo, atitudes sustentáveis, socioambientalpoliticamente corretas e o que se vê, na prática, no dia a dia, é esse "tapa na cara" do convívio em sociedade.
De que adianta perseguir as sacolas plásticas de supermercados? Mais valia "perseguir" e educar esse tipo de pessoas! Que exemplo dão os pais aos seus filhos? Que filhos estamos a deixar para o nosso já combalido planeta? Que hipocrisia é essa que, no discurso, fala de uma geração vindoura mais responsável, mais sustentável, mais "verde".
Verde? Verde está a minha bile, de tanto eu tentar "processar" esse lixo intangível que é a má educação de algumas pessoas. Podem ser cultas, podem ser bem sucedidas, podem ter uma boa situação financeira, até. Mas são, antes de qualquer coisa, mal educadas, "porcas", no sentido conotativo da palavra - é uma ofensa aos simpáticos animaizinhos comparar os porcos com esse tipo de gente.
Desculpem o desabafo. Sei que há pessoas corretas e que nem todos são "imprestáveis emporcalhadores do ambiente". Sei, também, que errar é humano e que essa mesma moça, "protagonista" da pequena crônica de hoje, pode se arrepender e se redimir dessa falta. Mas, para mim, que sempre fui educada a jogar lixo no lixo, a guardar o lixo do carro em saquinhos para poder despejá-lo assim que aparecesse a lixeira, que procuro ocupar o meu espaço no mundo sem atrapalhar o espaço dos outros - inclusive das gerações futuras -, fico especialmente irritada com eventos como esse.
Em tempo: ao chegar ao meu prédio, vejo que a entrada de um dos elevadores da garagem está suja de lama e que há confetes espalhados no chão - e nem é Carnaval... é, não bastam os "porcos da rua"; também temos a feliz companhia dos "porcos de casa".
Para dizer que não falei de poesia, vai uma estrofezinha para os porcos de plantão:
Você, que não sabe
Onde jogar sua sujeira,
Por que não aprende
O caminho da lixeira?
Uma boa - e mais limpa - semana a todos nós.
Célia Castro (C')
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Incompreensões
Este surgiu de um pedido lá do Cantinho Poético dos Amigos (Orkut). Obrigada pela indicação do tema, Poeta Anorkinda.
Incompreensões
Você, que não me compreende,
Por que não para e me escuta?
Já estou cansada dessa luta
E não entendo o que a você me prende.
Talvez o meu maior erro
Seja querer ser entendida.
Mas como posso querer ser ouvida
Se as palavras saem em desespero?
Quem sabe se eu ficar calada
Você consiga, então, me ouvir.
Pode até ser que venha a sentir
O que me passa na alma gelada.
Talvez seja este o segredo
Do qual tenho agora consciência:
É na palavra que está em degredo
Que se encontra, enfim, a eloquência.
Célia Castro (C’)
Incompreensões
Você, que não me compreende,
Por que não para e me escuta?
Já estou cansada dessa luta
E não entendo o que a você me prende.
Talvez o meu maior erro
Seja querer ser entendida.
Mas como posso querer ser ouvida
Se as palavras saem em desespero?
Quem sabe se eu ficar calada
Você consiga, então, me ouvir.
Pode até ser que venha a sentir
O que me passa na alma gelada.
Talvez seja este o segredo
Do qual tenho agora consciência:
É na palavra que está em degredo
Que se encontra, enfim, a eloquência.
Célia Castro (C’)
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Que venha o sol
Tenho andado meio relapsa com meu blog nos últimos dias... assuntos "supervenientes", como costumo dizer, mas também um pouco de falta de inspiração.
Vamos a ver se, com a chegada do sol - espero que fique por aqui pelo menos até o fim de semana, para eu poder fazer minha fotossíntese -, eu me inspiro para escrever coisas mais luminosas e alegres... vou tentar.
Que venha o sol
Que cesse a chuva nos meus dias,
Que a luz do sol tome o seu lugar,
Que o meu viver seja de alegrias
E que eu não tenha mais por que chorar.
"A chuva é boa", dirão com razão.
Não digo que não seja - é verdade.
Mas o sol que aquece o meu coração
Afasta para longe a nuvem da saudade.
Por isso, que venha o sol - e que fique comigo,
Pelo menos enquanto quiser.
Que aqueça e alegre este coração amigo,
Dando-lhe forças para o tempo que vier.
Célia Castro (C')
Vamos a ver se, com a chegada do sol - espero que fique por aqui pelo menos até o fim de semana, para eu poder fazer minha fotossíntese -, eu me inspiro para escrever coisas mais luminosas e alegres... vou tentar.
Que venha o sol
Que cesse a chuva nos meus dias,
Que a luz do sol tome o seu lugar,
Que o meu viver seja de alegrias
E que eu não tenha mais por que chorar.
"A chuva é boa", dirão com razão.
Não digo que não seja - é verdade.
Mas o sol que aquece o meu coração
Afasta para longe a nuvem da saudade.
Por isso, que venha o sol - e que fique comigo,
Pelo menos enquanto quiser.
Que aqueça e alegre este coração amigo,
Dando-lhe forças para o tempo que vier.
Célia Castro (C')
terça-feira, 6 de abril de 2010
Melancolia de uma amizade - Cantiga de amigo
Não tem jeito - ou, como se diz em Portugal, "não há maneira": essa chuva me deixa melancólica... mas vai passar. É só uma nuvem - atrás de outra nuvem... até chegar o sol.
A você, meu amigo
A você, meu amigo,
Eu dediquei o melhor de mim,
Pois você me mostrou o que de melhor havia,
E mesmo quando a vida não me sorria,
Você me fazia acreditar que ainda não era o fim.
Por você, meu amigo,
Cujo sorriso foi tudo o que eu quis,
Eu até “arrastaria um bonde”,
Mesmo sem saber por que, nem de onde,
Eu tiraria tanto amor para ver você feliz.
De você, meu amigo,
Eu recebi mais do que merecia,
Lamento, agora, os momentos perdidos,
Aqueles em que estávamos unidos,
E eu não fui para você o que você mais queria.
Em você, meu amigo,
Eu penso a cada minuto,
Tenho os seus olhos nos meus a brilhar,
Seu coração no meu a pulsar,
E luto a cada dia para acabar com o meu luto.
Com você, meu amigo,
Espero de novo estar,
Nos seus olhos os meus olhos poder pousar,
Na minha boca o seu nome pronunciar,
Como uma oração de quem é grato por aprender a amar.
Célia Castro (C')
A você, meu amigo
A você, meu amigo,
Eu dediquei o melhor de mim,
Pois você me mostrou o que de melhor havia,
E mesmo quando a vida não me sorria,
Você me fazia acreditar que ainda não era o fim.
Por você, meu amigo,
Cujo sorriso foi tudo o que eu quis,
Eu até “arrastaria um bonde”,
Mesmo sem saber por que, nem de onde,
Eu tiraria tanto amor para ver você feliz.
De você, meu amigo,
Eu recebi mais do que merecia,
Lamento, agora, os momentos perdidos,
Aqueles em que estávamos unidos,
E eu não fui para você o que você mais queria.
Em você, meu amigo,
Eu penso a cada minuto,
Tenho os seus olhos nos meus a brilhar,
Seu coração no meu a pulsar,
E luto a cada dia para acabar com o meu luto.
Com você, meu amigo,
Espero de novo estar,
Nos seus olhos os meus olhos poder pousar,
Na minha boca o seu nome pronunciar,
Como uma oração de quem é grato por aprender a amar.
Célia Castro (C')
domingo, 4 de abril de 2010
Erros e tropeços
Meus erros são tentativas de acertos,
São tropeços no meu caminho
Ora reto e plano, ora tortuoso e insano.
Mas é um trajeto que se faz sozinho.
Caio algumas vezes nessa trajetória.
Mas há quem não caia na sua história.
Mas, quando caem, o fazem de vez: derradeira descida.
Eu caio e levanto várias vezes: claudico na vida.
Célia Castro (C')
São tropeços no meu caminho
Ora reto e plano, ora tortuoso e insano.
Mas é um trajeto que se faz sozinho.
Caio algumas vezes nessa trajetória.
Mas há quem não caia na sua história.
Mas, quando caem, o fazem de vez: derradeira descida.
Eu caio e levanto várias vezes: claudico na vida.
Célia Castro (C')
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Conselho
Ouvi hoje, no rádio do carro, Marcelo D2 interpretando uma música que eu não conhecia, mas cuja letra me chamou a atenção. Confesso que não sou grande fã do Marcelo D2, ou melhor, ainda não me eduquei musicalmente para ouvi-lo com a devida atenção. Quero aprender a ouvi-lo, até por gostar muito de Rap - penso serem os "rappers" os trovadores pós-modernos, repentistas pop-urbanos, cujas poesias podem ser eloquentes, se bem compreendidas.
A música que ouvi não é do Marcelo D2 - é do Almir Guineto. Mas a sua interpretação foi bastante interessante. Hoje, cedo este espaço para a bonita composição de Guineto, interpretada por D2. Ao deleite dos meus leitores:
Conselho
Almir Guineto
Composição: Adilson Bispo / Zé Roberto
Fonte: http://letras.terra.com.br/almir-guineto/44053/
Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal
Que agindo assim será vital para o seu coração
É que em cada experiência se aprende uma lição
Eu já sofri por amar assim
Me dediquei mas foi tudo em vão
Pra que se lamentar
Se em sua vida pode encontrar
Quem te ame com toda força e ardor
Assim sucumbirá a dor (tem que lutar)
Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando nem vendendo
Como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz
A música que ouvi não é do Marcelo D2 - é do Almir Guineto. Mas a sua interpretação foi bastante interessante. Hoje, cedo este espaço para a bonita composição de Guineto, interpretada por D2. Ao deleite dos meus leitores:
Conselho
Almir Guineto
Composição: Adilson Bispo / Zé Roberto
Fonte: http://letras.terra.com.br/almir-guineto/44053/
Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal
Que agindo assim será vital para o seu coração
É que em cada experiência se aprende uma lição
Eu já sofri por amar assim
Me dediquei mas foi tudo em vão
Pra que se lamentar
Se em sua vida pode encontrar
Quem te ame com toda força e ardor
Assim sucumbirá a dor (tem que lutar)
Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando nem vendendo
Como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz
quarta-feira, 31 de março de 2010
Luto
Este foi um dos meus primeiros poemas desta fase. Prestando mais atenção a uma das músicas da Amy Winehouse, percebi que ela fala, principalmente na última repetição do refrão, da mesma coisa. Copio o trecho, no final, para comparações.
Luto
Estou na luta para acabar com o meu luto.
Está difícil...
Mas ninguém me iludiu, a dizer que era fácil.
Só me mostraram como seria fácil digerir a alegria
E me prometeram um futuro feliz - "Hás de ser muito feliz!"
Mas o futuro não veio...
E o passado teima em se repetir no presente
Em se fazer presente
Em presentear-me com novas velhas ilusões.
Ilusões do passado?
Que paradoxo!
Mas a esperança não está no futuro?
Talvez seja o medo da desilusão do presente
Da promessa não cumprida do futuro
Diante do conforto do conhecido passado.
Célia Castro (C’)
Back to black
(Amy Winehouse / Mark Ronson)
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to black
Luto
Estou na luta para acabar com o meu luto.
Está difícil...
Mas ninguém me iludiu, a dizer que era fácil.
Só me mostraram como seria fácil digerir a alegria
E me prometeram um futuro feliz - "Hás de ser muito feliz!"
Mas o futuro não veio...
E o passado teima em se repetir no presente
Em se fazer presente
Em presentear-me com novas velhas ilusões.
Ilusões do passado?
Que paradoxo!
Mas a esperança não está no futuro?
Talvez seja o medo da desilusão do presente
Da promessa não cumprida do futuro
Diante do conforto do conhecido passado.
Célia Castro (C’)
Back to black
(Amy Winehouse / Mark Ronson)
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to black
terça-feira, 30 de março de 2010
Outra vez a chuva
Primeiro, o arco-íris,
Então, veio o sol.
E o coração sorriu.
Outra vez a chuva,
Embaçando a visão,
Embaralhando os sentidos,
E a luz do sol sumiu.
O sol me aquece,
A luz me acompanha
E, na fotossíntese,
Produzo alegria.
A chuva chega,
Fico cinza por dentro
E, no correr das águas,
Chega a nostalgia.
Por que a chuva,
Outra vez a chuva,
Se o sol é meu amigo?
Se a chuva vem com a lua,
Não fico triste.
Mesmo não sendo mais tua,
Pois não estás mais comigo,
Lembro-me de outros amigos
Que chegam depois da chuva.
Depois das águas da chuva,
Depois do cinza dos céus,
Vêm as cores do arco-íris,
Se o sol estiver por lá.
Se a chuva vem com a lua,
Quando vai, deixa o brilho
Do sol na lua a brilhar.
Célia Castro (C’)
Então, veio o sol.
E o coração sorriu.
Outra vez a chuva,
Embaçando a visão,
Embaralhando os sentidos,
E a luz do sol sumiu.
O sol me aquece,
A luz me acompanha
E, na fotossíntese,
Produzo alegria.
A chuva chega,
Fico cinza por dentro
E, no correr das águas,
Chega a nostalgia.
Por que a chuva,
Outra vez a chuva,
Se o sol é meu amigo?
Se a chuva vem com a lua,
Não fico triste.
Mesmo não sendo mais tua,
Pois não estás mais comigo,
Lembro-me de outros amigos
Que chegam depois da chuva.
Depois das águas da chuva,
Depois do cinza dos céus,
Vêm as cores do arco-íris,
Se o sol estiver por lá.
Se a chuva vem com a lua,
Quando vai, deixa o brilho
Do sol na lua a brilhar.
Célia Castro (C’)
segunda-feira, 29 de março de 2010
Vem... e vai
Vem
Cada minuto que demoras
É um minuto que não volta, sem ti.
Cada vazio que deixas
É uma lacuna que deixo de sentir.
Vai
Se não quiseres vir,
Arranca de mim esta saudade,
Vai com ela, diz-me a verdade:
"Vou a chorar para poderes sorrir".
Célia Castro (C')
Cada minuto que demoras
É um minuto que não volta, sem ti.
Cada vazio que deixas
É uma lacuna que deixo de sentir.
Vai
Se não quiseres vir,
Arranca de mim esta saudade,
Vai com ela, diz-me a verdade:
"Vou a chorar para poderes sorrir".
Célia Castro (C')
domingo, 28 de março de 2010
Saudade
Dizem que "saudade" é uma palavra que só existe na língua portuguesa. Nas outras línguas, há equivalentes como "sentir falta". Mas saudade, saudade mesmo como a gente sabe que sente, só aqui - no peito e na lusofonia...
Ontem, um dos meus ídolos da adolescência, Renato Russo, completaria 50 anos. Só hoje, na reprise do programa Altas Horas, pude ver a homenagem que fizeram a ele, com os demais integrantes da Legião Urbana e convidados. Chorei, não apenas por me lembrar e sentir saudades dele, mas também por me lembrar dos meus tempos de adolescente e de todas as coisas que ele dizia nas suas poesias/canções, presentes na minha vida e na vida de muitas pessoas até hoje.
Não me lembro de quem disse - vou pesquisar, a internet está aí para fornecer indícios - que a diferença entre "saudade" e "melancolia" é que a gente sente saudade do que viveu; a melancolia, por sua vez, é sentimento de quem deseja o que não viveu. Será? Se assim for, acho que "sofro" de "Saudade Melancólica".
Saudade
É saudade, ou apenas falta
O que sinto de alguém que já não está?
É saudade lamentar o que não se tem
Ou o que, na verdade, nunca virá?
Ou será melancolia, a dor que aparece todo dia,
Que insiste em me lembrar
De quem eu nunca esqueci?
Enquanto fica ao meu lado
A saudade do passado
Que, muitas vezes, não vivi,
Passa o tempo bem depressa,
A rir do tempo que perco
A pensar em voltar a ti.
Célia Castro (C')
Ontem, um dos meus ídolos da adolescência, Renato Russo, completaria 50 anos. Só hoje, na reprise do programa Altas Horas, pude ver a homenagem que fizeram a ele, com os demais integrantes da Legião Urbana e convidados. Chorei, não apenas por me lembrar e sentir saudades dele, mas também por me lembrar dos meus tempos de adolescente e de todas as coisas que ele dizia nas suas poesias/canções, presentes na minha vida e na vida de muitas pessoas até hoje.
Não me lembro de quem disse - vou pesquisar, a internet está aí para fornecer indícios - que a diferença entre "saudade" e "melancolia" é que a gente sente saudade do que viveu; a melancolia, por sua vez, é sentimento de quem deseja o que não viveu. Será? Se assim for, acho que "sofro" de "Saudade Melancólica".
Saudade
É saudade, ou apenas falta
O que sinto de alguém que já não está?
É saudade lamentar o que não se tem
Ou o que, na verdade, nunca virá?
Ou será melancolia, a dor que aparece todo dia,
Que insiste em me lembrar
De quem eu nunca esqueci?
Enquanto fica ao meu lado
A saudade do passado
Que, muitas vezes, não vivi,
Passa o tempo bem depressa,
A rir do tempo que perco
A pensar em voltar a ti.
Célia Castro (C')
sábado, 27 de março de 2010
Reconstruindo cacos
Junto tudo
E compreendo.
Junto você
E entendo
O que você não quis dizer
Quando eu quis ouvir.
Reuno os cacos,
Junto os pedaços
De cada parte,
Do todo que nunca foi.
A verdade despedaçada
De verdade não tinha nada,
E só foi vista quando eu te vi.
Agora penso se é verdade
O que eu conheço só por pedaços
De um todo que nunca vi.
Será que eu sei o que você sabe,
Sabe você o que eu não sei,
Sentiu aquilo que eu não senti?
Quanto tempo eu vou esperar
Até o dia em que vou encontrar
O pedaço dessa verdade
Que, na verdade, só você sabe
Mas imagina que eu também sei.
Célia Castro (C')
E compreendo.
Junto você
E entendo
O que você não quis dizer
Quando eu quis ouvir.
Reuno os cacos,
Junto os pedaços
De cada parte,
Do todo que nunca foi.
A verdade despedaçada
De verdade não tinha nada,
E só foi vista quando eu te vi.
Agora penso se é verdade
O que eu conheço só por pedaços
De um todo que nunca vi.
Será que eu sei o que você sabe,
Sabe você o que eu não sei,
Sentiu aquilo que eu não senti?
Quanto tempo eu vou esperar
Até o dia em que vou encontrar
O pedaço dessa verdade
Que, na verdade, só você sabe
Mas imagina que eu também sei.
Célia Castro (C')
sexta-feira, 26 de março de 2010
Sobre máscaras
A inspiração para este pequeno poema veio de uma visita à exposição "OsGêmeos" neste mês de março, no CCBB Brasília. Nossa guia falava das máscaras existentes em alguns dos personagens da exposição e nos perguntou para que serviam as máscaras. A resposta veio mais ou menos assim:
Usamos máscaras
Para interagir com outras máscaras.
Trocamos de rostos
Como quem troca de amigos,
Como quem troca a pele,
Como quem esquece as lembranças.
Mas não trocamos olhares:
Embora passem pelas máscaras,
Não atravessam corações.
Célia Castro (C’)
Usamos máscaras
Para interagir com outras máscaras.
Trocamos de rostos
Como quem troca de amigos,
Como quem troca a pele,
Como quem esquece as lembranças.
Mas não trocamos olhares:
Embora passem pelas máscaras,
Não atravessam corações.
Célia Castro (C’)
quinta-feira, 25 de março de 2010
Amor Perfeito
É a minha flor preferida,
É o que todos querem na vida.
É bonita, mas não tem perfume.
É perfeito o amor sem ciúme?
É perfeito o que nos consome?
O seria perfeito apenas no nome?
Ou perfeita é apenas a flor,
E utopia um perfeito amor?
Tem as mais diversas cores,
E a vida, diversos amores.
Não se encontra em todo lugar,
E é difícil o amor encontrar.
Por isso, enquanto procuro
O perfeito amor, eu asseguro:
Se o amor perfeito eu não encontrar,
Existe a flor para me consolar.
Célia Castro (C’)
É o que todos querem na vida.
É bonita, mas não tem perfume.
É perfeito o amor sem ciúme?
É perfeito o que nos consome?
O seria perfeito apenas no nome?
Ou perfeita é apenas a flor,
E utopia um perfeito amor?
Tem as mais diversas cores,
E a vida, diversos amores.
Não se encontra em todo lugar,
E é difícil o amor encontrar.
Por isso, enquanto procuro
O perfeito amor, eu asseguro:
Se o amor perfeito eu não encontrar,
Existe a flor para me consolar.
Célia Castro (C’)
quarta-feira, 24 de março de 2010
A língua portuguesa e a arte de fazer amor
Hoje de manhã recebi um email de um colega com uma piada sobre a dificuldade de se "fazer amor" imposta pelas armadilhas da língua portuguesa:
"A língua portuguesa é difícil até para fazer amor!
AMÁ-LA ou AMAR-TE?
O marido, ao chegar em casa, no final da noite, diz à mulher que já estava
deitada :
- Querida, eu quero amá-la.
A mulher, que estava dormindo, com a voz embolada, responde:
- A mala... ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do
quarto de visitas.
- Não é isso, querida, hoje vou amar-te.
- Por mim, você pode ir até Júpiter, Saturno e até à ..., desde que me
deixe dormir em paz..."
Não resisti. Admito que fui um pouco arrogante, mas tive de responder assim:
"Duas soluções simples para este 'desentendimento', também recomendadas pela gramática portuguesa:
'Querida, eu TE quero amar.'
'Não é isso, querida. Hoje TE vou amar.'
O pronome pessoal do caso reto "eu" e o advérbio de tempo "hoje" atraem o pronome oblíquo "te" para antes do verbo, o que se denomina próclise.
Também é recomendável usar sempre a mesma pessoa ("Tu"/"Te" - segunda pessoa do singular dos casos reto e oblíquo, respectivamente), em lugar de começar com a terceira pessoa ("Ela"/"Lhe"/"La"), na primeira frase e, depois, mudar para a segunda pessoa."
E ainda acrescentei, em outra mensagem:
"Ah, me esqueci de uma terceira opção, esta recomendada pela sexologia: o marido melhorar o seu desempenho no leito nupcial. Talvez, dessa forma, a amantíssima esposa deixe de ignorar o destino dele..."
Não pude deixar de me lembrar do poeta Camões e da sua "facilidade" em descrever algo tão intangível e indescritível quanto o amor:
"Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
Há coisa mais bonita! Certamente, há! O que não me impede de admirar essa descrição do indescritível, essa antítese de sentimentos, essa quase sinestesia em forma de poesia (rimou!)
Célia Castro (C')
"A língua portuguesa é difícil até para fazer amor!
AMÁ-LA ou AMAR-TE?
O marido, ao chegar em casa, no final da noite, diz à mulher que já estava
deitada :
- Querida, eu quero amá-la.
A mulher, que estava dormindo, com a voz embolada, responde:
- A mala... ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do
quarto de visitas.
- Não é isso, querida, hoje vou amar-te.
- Por mim, você pode ir até Júpiter, Saturno e até à ..., desde que me
deixe dormir em paz..."
Não resisti. Admito que fui um pouco arrogante, mas tive de responder assim:
"Duas soluções simples para este 'desentendimento', também recomendadas pela gramática portuguesa:
'Querida, eu TE quero amar.'
'Não é isso, querida. Hoje TE vou amar.'
O pronome pessoal do caso reto "eu" e o advérbio de tempo "hoje" atraem o pronome oblíquo "te" para antes do verbo, o que se denomina próclise.
Também é recomendável usar sempre a mesma pessoa ("Tu"/"Te" - segunda pessoa do singular dos casos reto e oblíquo, respectivamente), em lugar de começar com a terceira pessoa ("Ela"/"Lhe"/"La"), na primeira frase e, depois, mudar para a segunda pessoa."
E ainda acrescentei, em outra mensagem:
"Ah, me esqueci de uma terceira opção, esta recomendada pela sexologia: o marido melhorar o seu desempenho no leito nupcial. Talvez, dessa forma, a amantíssima esposa deixe de ignorar o destino dele..."
Não pude deixar de me lembrar do poeta Camões e da sua "facilidade" em descrever algo tão intangível e indescritível quanto o amor:
"Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
Há coisa mais bonita! Certamente, há! O que não me impede de admirar essa descrição do indescritível, essa antítese de sentimentos, essa quase sinestesia em forma de poesia (rimou!)
Célia Castro (C')
terça-feira, 23 de março de 2010
A tua aparição
A tua aparição é uma afronta,
Deixa-me tonta,
Abre um buraco no meu peito,
Não vejo jeito
De te arrancar das minhas vísceras,
Da minha mente,
Dos meus dias tristes,
Das horas alegres,
Dos momentos em que me esqueço de ti.
Minhas mãos tremem
Diante de ti.
Ainda que queimem
Os meus olhos pelo que vi,
Insisto em desejar mais do que tive,
Em viver mais do que vivi,
Em lembrar do que esqueci.
Por que me apareces
Com o teu sorriso,
Como se dissesses
Ao meu pouco juízo:
“Alegra-te ao me ver”.
Como a dizer,
Nos meus tristes dias,
Nos meus sonhos de névoa
Das minhas noites frias,
“É o que de mim podes ter”.
Célia Castro (C’)
Deixa-me tonta,
Abre um buraco no meu peito,
Não vejo jeito
De te arrancar das minhas vísceras,
Da minha mente,
Dos meus dias tristes,
Das horas alegres,
Dos momentos em que me esqueço de ti.
Minhas mãos tremem
Diante de ti.
Ainda que queimem
Os meus olhos pelo que vi,
Insisto em desejar mais do que tive,
Em viver mais do que vivi,
Em lembrar do que esqueci.
Por que me apareces
Com o teu sorriso,
Como se dissesses
Ao meu pouco juízo:
“Alegra-te ao me ver”.
Como a dizer,
Nos meus tristes dias,
Nos meus sonhos de névoa
Das minhas noites frias,
“É o que de mim podes ter”.
Célia Castro (C’)
segunda-feira, 22 de março de 2010
Dia Mundial da Poesia - com atraso...
Ontem, 21/3, foi o Dia Mundial da Poesia. Só me dei conta disso ao visitar o Cantinho Poético dos Amigos, comunidade de que faço parte no Orkut. Que vergonha! Deixar passar o dia sem uma referência neste blog! Mas não faz mal. Poesia se faz todo dia.
Segue a minha homenagem ao dia de ontem.
Beijos poéticos,
A minha poesia
A minha poesia não tem métrica,
Nem sempre tem rima,
Nem sempre é lirismo.
Às vezes, é tétrica,
Mais vezes, ironia,
Raras vezes, cinismo,
Mas é sempre poesia.
Célia Castro (C')
domingo, 21 de março de 2010
Sol entre nuvens
Ela não saía de casa. Não queria brincar lá fora. A desculpa era a chuva. Ele insistiu: "A chuva passa. Vem hoje. Amanhã, vou embora". E o amanhã veio. E ele foi embora. E o sol saiu.
Há momentos - hoje, mais do que antes, sei que são momentos - em que o dia fica nublado, as imagens ficam "turvas", o sol desaparece. Aí, eu me lembro de que o sol volta. Ele sempre volta.
Hoje fez sol. Sol entre nuvens. Mas consegui aproveitar o sol, sempre que ele "dava as caras". Acho que sou movida a energia solar. Deve ser pelo signo de Leão.
Hoje o sol está entre as nuvens,
Ele brinca de desaparecer.
Ele pode, é o "Astro Rei".
Eu que aprenda a brincar.
Eu que me lembre de dar
Boas vindas quando ele surgir.
Pois, um dia, se ele partir,
Terei a lua para me consolar.
sábado, 20 de março de 2010
Fazendo as pazes com o Sábado
Desde a minha adolescência, passei a não gostar dos Domingos. Para mim, era um dia triste, depressivo até. Como tantas outras pessoas com as quais conversei a respeito, ouvir a "musiquinha do Fantástico" me oprimia o peito. No meu caso, não por me lembrar que a segunda-feira estava a caminho, com os estudos e o trabalho da semana. Nunca me entristeceu nem cansou trabalhar ou estudar. Acho que a tristeza vinha do tipo de conteúdos que o programa mostrava, sempre com um quê de apocalipse, de excentricidade, de escatologia. Creio que fiz as pazes com o Domingo, embora não me agradem muito dias não úteis, com a revisão do conteúdo do programa...
Agora, passei a me angustiar com os Sábados, especialmente com a parte da manhã. É que os Sábados eram reservados, na minha adolescência, para uma espécie de "ritual da esperança" por um futuro melhor, mais divertido. Quem lê, até há de pensar que eu me produzia toda para "esperar alguma coisa de um Sábado à noite", cantaria Lulu Santos. Não. Na minha adolescência, era mais um dia de estudos, como outro qualquer. Também não podia sair de casa à noite. Nunca tive irmãos mais velhos - nem mais novos - nem parentes ou amigos próximos que me levassem ou acompanhassem nessas aventuras noturnas. Além disso, morava longe do centro, da badalação. É... não ia dar.
Depois, os Sábados se converteram em momento de proximidade com a família (minha mãe e meu pai), já que eu ficava durante a semana longe deles, no trabalho e nos estudos. Mais tarde, quando me casei, em oportunidade de ficar mais tempo com o meu então marido. Meu pai já se foi, minha mãe não me acompanha mais como antes, o marido já é "ex". Acho que foi isto: ficou um vazio onde já não existia muita coisa.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Floresbelas em ação
Continuando a poesia e a homenagem aos poetas portugueses, segue um poema escrito a "quatro mãos" em parceria com a minha amiga, poeta inspiradora e incentivadora Vera Lage (Mazéh):
Segue a vida no seu rumo,
Mas eu saí do meu prumo
E não consigo me encontrar.
Talvez você me apareça
Para pedir que eu me esqueça
Mais uma vez de te amar.
Mas é inútil o seu pedido,
Ainda mais para um ferido
Coração que te quer bem.
Passo as horas pensando,
Os dias me perguntando
Por que é que você não vem.
Quando você nem disse adeus
Naquela partida inesperada
Roguei aos céus uma prece
Para entender esta saída
Tão brusca,sem despedida...
Minh'alma ferida, atormentada
Tal qual um barco à deriva
Me encontro sem destino certo
À espera de hábil marinheiro
Surgir e um coração aportar
Na calmaria de doce despertar
Longe da espera de um futuro incerto.
Célia Castro & (Lage,Mazéh)
Brasília x Varginha
(03/03/2010)
Desprazeres
Que anseio é este
De uma alegria,
Da nostalgia
Do que não foi?
Seria, pois,
Só mais um engano,
Um desejo humano
De ser feliz?
E quem me diz
Que não há prazeres
Nos desprazeres
Que a gente tem?
Se há prazer
E se há sentido
Em sentir a dor
De amar alguém.
De uma alegria,
Da nostalgia
Do que não foi?
Seria, pois,
Só mais um engano,
Um desejo humano
De ser feliz?
E quem me diz
Que não há prazeres
Nos desprazeres
Que a gente tem?
Se há prazer
E se há sentido
Em sentir a dor
De amar alguém.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Sobre máscaras
Segue um poema da minha lavra:
Sobre máscaras
Usamos máscaras
Para interagir com outras máscaras.
Trocamos de rostos
Como quem troca de amigos,
Como quem troca a pele,
Como quem esquece as lembranças.
Mas não trocamos olhares:
Embora passem pelas máscaras,
Não atravessam corações.
Célia Castro (C’)
Sobre máscaras
Usamos máscaras
Para interagir com outras máscaras.
Trocamos de rostos
Como quem troca de amigos,
Como quem troca a pele,
Como quem esquece as lembranças.
Mas não trocamos olhares:
Embora passem pelas máscaras,
Não atravessam corações.
Célia Castro (C’)
terça-feira, 16 de março de 2010
Os Lusíadas - Canto I
Segue a estrofe em que Luís de Camões faz sua invocação às ninfas do Tejo:
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre, em verso humilde, celebrado,
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipocrene.
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