Os meus leitores e amantes da poesia que me perdoem, mas não há lirismo que resista! Hoje, vai ser difícil "postar" algo poético, depois da cena - prosaica, infelizmente - que vi.
Vinha de carro para casa quando, no carro que ia à minha frente, um braço delicado, de uma moça aparentemente delicada, se espicha pela janela com uma latinha, acho que uma embalagem de batatas fritas e, natural, suave e delicadamente, atira a latinha ao chão. Assim, em pleno Plano Piloto, em uma área supostamente habitada e frequentada por pessoas "educadas"... para além do emporcalhamento (nem sei se existe esse termo; se não há, lá vai o neologismo) da cidade, o risco de essa porcaria vir ter ao parabrisas do meu carro e até provocar um acidente.
Que porcaria, literalmente! Tanto se fala em aquecimento global, destino do lixo, atitudes sustentáveis, socioambientalpoliticamente corretas e o que se vê, na prática, no dia a dia, é esse "tapa na cara" do convívio em sociedade.
De que adianta perseguir as sacolas plásticas de supermercados? Mais valia "perseguir" e educar esse tipo de pessoas! Que exemplo dão os pais aos seus filhos? Que filhos estamos a deixar para o nosso já combalido planeta? Que hipocrisia é essa que, no discurso, fala de uma geração vindoura mais responsável, mais sustentável, mais "verde".
Verde? Verde está a minha bile, de tanto eu tentar "processar" esse lixo intangível que é a má educação de algumas pessoas. Podem ser cultas, podem ser bem sucedidas, podem ter uma boa situação financeira, até. Mas são, antes de qualquer coisa, mal educadas, "porcas", no sentido conotativo da palavra - é uma ofensa aos simpáticos animaizinhos comparar os porcos com esse tipo de gente.
Desculpem o desabafo. Sei que há pessoas corretas e que nem todos são "imprestáveis emporcalhadores do ambiente". Sei, também, que errar é humano e que essa mesma moça, "protagonista" da pequena crônica de hoje, pode se arrepender e se redimir dessa falta. Mas, para mim, que sempre fui educada a jogar lixo no lixo, a guardar o lixo do carro em saquinhos para poder despejá-lo assim que aparecesse a lixeira, que procuro ocupar o meu espaço no mundo sem atrapalhar o espaço dos outros - inclusive das gerações futuras -, fico especialmente irritada com eventos como esse.
Em tempo: ao chegar ao meu prédio, vejo que a entrada de um dos elevadores da garagem está suja de lama e que há confetes espalhados no chão - e nem é Carnaval... é, não bastam os "porcos da rua"; também temos a feliz companhia dos "porcos de casa".
Para dizer que não falei de poesia, vai uma estrofezinha para os porcos de plantão:
Você, que não sabe
Onde jogar sua sujeira,
Por que não aprende
O caminho da lixeira?
Uma boa - e mais limpa - semana a todos nós.
Célia Castro (C')
domingo, 11 de abril de 2010
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Compartilho com você a revolta contra o "emporcalhamento geral do DF". Precisamos fazer alguma coisa no curto prazo, além de educar para o futuro do planeta. O caminho mais rápido que conheço é o bolso do cidadão! deveríamos poder denunciar e causar uma multa pra cada porcalhão que cruzar o nosso caminho!
ResponderExcluirAbraços solidários,
Corina
Gostei da poesia de bolso. Quase um haikai.
ResponderExcluirRealmente, é para perder o lirismo!
ResponderExcluirAbraços,
Ieda